quinta-feira, 18 de junho de 2015

CASTRAÇÃO



Um país em desenvolvimento tem como forte característica a redução das taxas de natalidade humana. Sabemos o quão custoso e sério é uma nova vida. Por que então não conseguimos expandir essa conscientização para as populações animais?
Força-tarefa continua para nós da AMPARA, a castração de animais domésticos ainda gera dúvidas e divide opiniões baseadas em mitos e desconhecimento. Queremos falar um pouco sobre esta causa que defendemos incondicionalmente por ser a única medida emergencial eficaz para o controle populacional de animais que muitas vezes terminam abandonados, a mercê da própria sorte pelas ruas das grandes cidades.
Com o respaldo de nossa voluntária, a médica veterinária Beatriz Casanova Sauaia (CRMV 28.589), responsável pelo departamento veterinário da AMPARA Animal, levantaremos aqui alguns pontos cruciais para entender a relevância da castração:

UMAVet da AMPARA: A UMAVet, Unidade Móvel de Atendimento Veterinário, atenderá gratuitamente de forma periódica e planejada, se colocando a disposição de comunidades carentes, oferecendo tratamento e o procedimento de castração a fim de diminuir a proliferação de animais de rua.
Este controle é de extrema importância para a saúde e bem estar dos animais e também de nós, humanos, sujeitos a proliferação de doenças zoonoses, transmitidas por animais negligenciados.

Custo e serviços oferecidos pelo Estado: O procedimento feito por vias de clinicas particulares custa, em média, entre 100 e 900 reais, variando de acordo com a espécie, peso e tamanho do animal. O que poucos sabem é que o Centro de Zoonose de São Paulo oferece castrações gratuitas. Cada Pessoa Física tem o direito a realizar dez castrações gratuitas.
  
Mudanças comportamentais: Com a redução considerável da produção de hormônios sexuais -progesterona, testosterona e estrogênio, os animais se tornam mais serenos, mansos, caseiros e menos ansiosos, agitados, agressivos e territorialistas.

Como é feito: em jejum hídrico e alimentar, o animal é anestesiado, tornando assim o procedimento absolutamente indolor. Em fêmeas é feita a ovariohisterectomia. Nos machos é realizada a orquiectomia bilateral.
O pós operatório também é indolor, já que o animal recebe dosagens de analgésicos, antibióticos e antiinflamatórios, garantindo uma recuperação tranquila, que dura aproximadamente 10 dias.  Os cuidados pós operatórios são simples, porém cruciais: não praticar exercícios  intensos, manter uma alimentação leve e ficar atento para que os pontos e curativo sejam preservados higienizados.

Mitos que só complicam ainda mais o atual cenário:

MITO 1. “O procedimento de castração é doloroso”
REALIDADE: Todo o procedimento é feito sob efeito de anestésicos.


MITO 2. “Castrar sem que o animal cruze ao menos uma vez frustra o animal”
A REALIDADE: Os animais, diferentemente dos humanos, não são dotados deste “senso de frustração sexual”, como muitos imaginam.

MITO 3. “Machos se tornam afeminados e fêmeas, masculinizadas”.
A REALIDADE: A castração apenas reduz a produção de hormônios sexuais, mas os mesmos se mantêm presentes no organismo do animal.

MITO 4. “Castrar faz com que o animal engorde”
A REALIDADE: Se não houver mudança na alimentação e rotina de atividades físicas do animal, a atividade metabólica reduz sua atividade, propiciando o ganho de peso. É preciso sempre ficar atento, independente da idade, condições ou momento em que seu animal vive, para que ele nunca caia no sedentarismo e alimentação desbalanceada. 

Uma lista para não deixar dúvidas sobre as vantagens da castração:
  1. Castrar deixa o animal mais calmo.
  2. Torna o animal mais obediente e menos propenso a demarcar território, permitindo assim que aprenda a fazer suas necessidades no local indicado.
  3. Previne tumores dos órgãos reprodutivos.
  4. Poupa as fêmeas de desordens associadas à gravidez e ao parto, como distorcia, metrite e mastite.
  5. Inibe comportamentos sexuais indesejados, como fugas, cópula com objetos, uivos e miados excessivos nos períodos de cio.
  6. Diminui significativamente a incidência de doenças induzidas pelos hormônios reprodutivos, como tumor de mama e de próstata.
  7. Elimina o estado de excitação e inquietude por falta de cruzamento e reduz a euforia e até agressividade excessivas, causadas pela ação dos hormônios reprodutivos.
  8. Elimina a perda de sangue em cadelas e também o “assédio” que as mesmas sofrem durante o período de cio.
  9. Elimina a gravidez psicológica, comum em algumas fêmeas não castradas, cessando assim mastites, produção de leite e irritabilidade.



        
                                                  Veja o Folder da AMPARA Animal





segunda-feira, 8 de junho de 2015

Assim, de graça

Voluntário: qualquer trabalho, ação, movimento, reação biológica ou atitude que se inicia e se desdobra por vontade própria, orgânica, fluida, e não imposta, forçada ou comprada.

Agora pela outra perspectiva da história, aos olhos de um não-voluntário, a pergunta é: o que faz a coisa toda do voluntariado existir? O que acontece internamente com alguém que se voluntaria a qualquer causa ou propósito sem que haja qualquer remuneração para tal empenho?
O que faz com que o tão escasso e precioso tempo seja doado assim, de graça?

As razões são diversas, improváveis, delicadas, na maioria das vezes tão sutis que passam despercebidas e são difíceis de explicar com alguma racionalidade. Mas elas existem e são sempre a força propulsora de tal entrega. Portanto esse “de graça” pode ser sim, financeiramente gratuito, mas é riquíssimo em outros ganhos não monetários, mas sim afetivos.

Já conheci graças à AMPARA e as causas animais, voluntárias que eram motivadas por terem amor demais a doar, portanto sua entrega lhes rende aquela paz no coração que só quem ama de verdade sabe o que é. A sensação de amor correspondido, tão rara e tão sonhada.
  
Outras voluntárias se entregam graças a sua preocupação real e ativa com a saúde pública presente e o legado futuro que deixarão ao planeta. O que ganham? A sensação de dever cumprido com uma causa que lhes molesta. Estas, talvez mais racionais, de forma alguma deixam de ser extremamente passionais ao se manterem empenhadas e dedicadas num esforço que, acreditem, muitas vezes parece maior que o que podemos administrar.

Algumas integrantes, percebo que se doam à causa por tantas vezes terem sido privadas de amor pleno, por terem sido negligenciadas de amor, e por isso saberem da relevância de tal cuidado e por isso os estendem aos animais. Ganham ao descobrir nos bichos uma troca real, densa e recíproca.

Já fui eu mesma voluntária com participação bem mais ativa, mas que simplesmente não consegui equilibrar a balança da vida cotidiana, filho, casa, "filhocachorro", marido, empresa e pepinos cotidianos. Percebi que meu tempo já consumia o tal “reservatório morto” e portanto, para conseguir erguer minha empresa teria que abrir mão desta doação de tempo e atenção da parte administrativa e logística da AMPARA.  
Me via presa na labuta de produtora gráfica pensando "como elas conseguem?".
Até hoje não sei, confesso.

A AMPARA funciona num ritmo de locomotiva. Há um exército prioritariamente feminino que vira noite, vai à reunião conseguir patrocínio e apoio, distribui ração, organiza feira de adoção e tudo isso paralelamente às suas vidas “reais”.

Sei o sentimento que as move mas desconheço esse dom organizacional de se doar quando o dia já parece começar atrasado e a vida cobrando as pendências retroativas.
Aos poucos fui entendendo a matemática que resulta num verdadeiro voluntário, que vê numa causa um propósito maior e apaixonante: é preciso ser alguém que de fato não espera qualquer redenção nessa doação de si próprio. É preciso ser alguém, mais do que tudo, extremamente organizado. E o mais importante: É preciso ser alguém que se conheça o bastante para saber o que tem de melhor em si para doar.

Pode ser tempo. Pode ser colocando mesmo a mão na massa, como nossas veterinárias fazem. Pode ser conhecimento sobre finanças (afinal de contas, um grupo com dinheiro desorganizado jamais alcançaria a grandeza da AMPARA). Pode ser doando sua imagem pública, como tantos atores queridos fazem sem titubear, e o que, sem dúvidas nos fez ganhar a visibilidade merecida pela causa. Pode ser organizando um evento. Ou incentivando um amigo a não comprar, mas sim adotar. Pode ser resgatando um, um animal que seja. Ou, por que não?, financeiramente, se esta for a competência e diferencial de alguém bem intencionado?

Todos os movimentos proativos são igualmente nobres porque de fato não são trocados por moeda corrente, mas sim por combustível para a alma.

Eu descobri o que me cabia como voluntária: escrever. É o que amo fazer. É o que me da prazer. E é o que sinto conseguir oferecer para, de alguma forma, contribuir.
Todos têm uma forma a contribuir, seja para a causa que for, da forma que puder. 

Não faltam causas e tampouco quem anseie por ajuda.
E você - se o fizer da forma certa, definitivamente não ganhará dinheiro com isso, afinal de contas, quando o assunto é passionalidade e sentimentos muito mais profundos, dinheiro se torna característica secundaria.

Portanto o que sugiro ao longo dessas palavras doadas: se doe. O seu melhor. O excedente de suas mais nobres virtudes. O que não lhe exige aquele esforço sobre-humano para aprender ou se envolver. Se doe à causa que for, como puder. 

Acredite: o mundo precisa de pulsos-firmes e também passionais, e você vai descobrir o bem que faz fazer o bem.